tradução de Fernando Klabin
“Para que serve um escritor se não para destruir a literatura?” — O jogo da amarelinha, Julio Cortázar.
O nome do protagonista deste romance poderia bem ser Mircea Cărtărescu. Mas, em vez de escritor de renome internacional e multitude de prêmios, é um professor do ensino público em um bairro periférico de Bucareste. Ainda jovem, um malfadado sarau literário enterrou de vez suas pretensões literárias, restou apenas um diário para atestar o escritor que ele poderia ter sido. Trata-se, então, de autoficção de um duplo imaginário do escritor?
Sua vida se resume a ir da escola para casa. Uma casa enorme, em forma de navio, construída por um cientista sobre um solenoide – um gerador de campo magnético que atrai todos os temas e obsessões literárias do escritor Cărtărescu, transformando a rotina do professor primário, para além do nonsense educacional e do terror do sistema de saúde, em um caracol de reflexões sobre percepção da realidade, literatura e filosofia. Tudo isso em Bucareste, capital cinzenta de um país sob regime ditatorial e empobrecido, uma cidade melancólica e sufocante, às vezes fantasmal.
Magistralmente escrita, Solenoide é uma obra monumental, que põe em xeque as próprias bases do romance.
Edição: 1ª edição (2024)
Idioma: Português
Capa comum: 784 páginas
ISBN: 978-65-87955-25-4
Dimensão: 14 x 21 x 3,9 cm
Bucareste (Romênia), 1956.
Fernando Klabin nasceu em São Paulo e é formado em ciências políticas pela Universidade de Bucareste e mestre em letras orientais pela USP. Foi editor da Zazie Edições e consultor da editora da universidade Alexandru Ioan Cuza, em Iaşi, na Romênia, e agraciado com a ordem de mérito cultural daquele país. Traduziu autores como Max Blecher, Emil Cioran e Mircea Eliade.
Para a Mundaréu, traduziu Nostalgia, de Mircea Cărtărescu, e O verão em que mamãe teve olhos verdes, de Tatiana Ţîbuleac.